Não à derrubada das matas ribeirinhas dos Rios Ulu Lioh e Ulu Lijan

Um homem na ponta de um pequeno barco mostra, entusiasmado, a floresta tropical Pessoas da etnia Iban engajam-se na proteção das florestas e rios (© Rettet den Regenwald / Mathias Rittgerott)
96.765 participantes

As florestas de Bornéu exercem papel importante na conservação da biodiversidade e contra a crise climática. Povos indígenas lutam pela sua conservação, como está acorrendo nas comunidades ribeirinhas dos Rios Ulu Lioh e Ulu Lijan. Lá, o povo Iban está protegendo a natureza de derrubadas, e para isso eles pedem a nossa ajuda.

Notícias e Atualidades Apelo

Para: Ao Governo e à Administração Florestal de Sarawak

“Por favor, impeça a derrubada das matas ribeirinhas dos Rios Ulu Lioh e Ulu Lijan, mas não só lá, e sim no Sarawak inteiro.”

Abrir a petição

“Aqui, estas são as vozes da selva”, escreve Matek Geram sobre um vídeo que ele nos enviou da Malásia via WhatsApp. As imagens mostram um córrego fluindo, animado, pela floresta tropical; ouve-se o zunir dos insetos e cantos de pássaros. Outros filmes mostram árvores poderosas que se estendem para o céu. Em algumas fotos, dá para ver o próprio Matek. Os ambientalistas da organização indígena SADIA estão mapeando a floresta com um aparelho GPS nas mãos.

Isso porque as florestas das comunidades ribeirinhas junto aos Rios Ulu Lioh e Ulu Lijan estão em perigo, e o seu mapeamento pretende ajudar na conservação delas. Está-se a fazer isso porque, diferentemente de muitas outras áreas que já foram destruídas para explorar madeireira ou dar lugar a monoculturas industriais no estado malásio de Sarawak, a natureza aqui ainda está intacta.

No entanto, agora, aparentemente, uma madeireira está na iminência de receber uma licença para derrubadas. Os moradores das aldeias ficaram sabendo disso extra oficialmente, não tendo sido consultados, relata Matek. Essas pessoas podem perder a floresta que lhes serve de casa e que já garantia a subsistência de seus antepassados.

Por isso, eles pediram suporte para Matek. Agora, eles estão medindo a floresta em conjunto, para assim assegurar judicialmente os seus direitos tradicionais sobre a floresta.

Matek é parceiro de “Salve a Floresta” já há muitos anos. Ele está convencido de que uma petição internacional ao Governo e à Administração Florestal de Sarawak pode ajudar na conservação da floresta.

“As florestas pertencem aos habitantes das comunidades ribeirinhas. Elas não podem ser tocadas”, - Matek deixa isso bem claro.

Por favor, dê suporte para que os Iban consigam conservar sua floresta.

Carta

Para: Ao Governo e à Administração Florestal de Sarawak

Excelentíssimas Senhoras e Senhores,

As florestas de Bornéu exercem um papel importante na conservação da biodiversidade e contra a crise climática. Ademais, elas são a terra natal de muita gente, especialmente de povos indígenas, para quem elas garantem a subsistência.

Não obstante, uma madeireira parece encontrar-se na iminência de obter uma licença autorizando-a a derrubar as matas ribeirinhas do Rios Ulu Lioh e Ulu Lijan.

Essas terras, porém, são as terras tradicionais dos povos indígenas Iban.

Por favor, não deixe interesses econômicos prevalecerem sobre a conservação dos tradicionais direitos territoriais dos indígenas e a proteção da natureza, clima e diversidade. Por favor, impeça a derrubada das matas ribeirinhas do Rio Sungai Lioh e, mas não só lá, e sim no Sarawak inteiro.

Com isso, V. Exas. serão mais respeitadas pelos indígenas, pela população como um todo e para muito além de Sarawak.

Saudações cordiais

Tema

Como o clima e a floresta tropical estão relacionados

 

Florestas são ecossistemas complexos, nos quais plantas, fungos e animais estão estreitamente conectados entre si. Para o clima local e global, elas exercem um papel muito importante. Plantas absorvem o gás de efeito estufa dióxido de carbono (CO2) do ar. Com ajuda da água e da luz solar, elas formam açúcar, e a partir dele, outros compostos de plantas. Com isso, as moléculas de carbono são fixadas em troncos, folhas e raízes. O oxigênio liberado nesse processo é lançado na atmosfera.  A esse processo dá-se o nome de fotossíntese.

Conforme estimativas, as florestas tropicais são capazes de absorver 250 milhões de toneladas de CO2, grande parte das quais em florestas de turfa. Isso corresponde, globalmente, à quantidade de cerca de 90 vezes aos gases de efeito estufa emitidos por ano. Quarenta por cento (40%) do oxigênio presente na atmosfera provém das florestas tropicais. A imagem das florestas como “pulmão da Terra” não é exatamente correta, porém, é fácil de memorizar.

Florestas produzem, em grande parte por si próprias, as altas precipitações que se distribuem equilibradamente ao longo do ano. Um aspecto importante é a evapotranspiração, isto é, os vapores orgânicos que as plantas emitem por meio de suas folhas. Embora nas florestas o ambiente seja quente e úmido, as nuvens refletem grande parte da luz solar no espaço sideral - refrescando, com isso, a atmosfera. Sem esse efeito, essas regiões seriam ainda mais quentes do que são.

Por serem armazenadoras de carbono e produtoras de chuvas, as florestas exercem um papel-chave na situação climática e na luta contra a catástrofe climática.

O problema: A catástrofe climática e a destruição das florestas

 

Ocorre, no entanto, que as florestas tropicais estão conseguindo cada vez menos exercer a sua função estabilizadora do clima. Pelo contrário: Sua destruição, a qual dá lugar a plantações industriais, pastos ou áreas de mineração libera enormes quantidades de gases de efeito estufa na atmosfera. Tanto é que, em 1997, os incêndios florestais na Indonésia provocaram 1/3 da totalidade de emissões globais de gases de efeito estufa. Especialmente pavorosos estão se mostrando os efeitos da destruição das florestas de turfa.

Conforme um estudo publicado na revista científica Nature, é possível que só as florestas tropicais, em virtude da mudança da situação climática e das condições de crescimento, já a partir de 2035 deixem de ser armazenadores de CO2, passando a ser fonte de emissão de CO2, passando, portanto, a contribuir com o avanço da catástrofe climática.

Em razão de o ecossistema floresta tropical ser conectado de maneira complexa, a rede como um todo pode sofrer, mesmo quando o dano está em apenas um local. É assim, por exemplo, quanto ao ciclo da água. Se, em virtude de alterações climáticas, ocorrerem períodos de estiagem - o que já vem sendo observado - este ciclo pode entrar em colapso. Nesse caso, as sempre-verdes e densas florestas tropicais torna-se savanas pobres em espécies. O clima local é alterado, ficando mais seco e mais quente.

Especialmente ameaçador é o chamado  ponto de não-retorno do sistema climático: Se, por exemplo, a mudança climática na Amazônia atingir uma determinada proporção, o processo - e com ele a perda da floresta tropical em sua forma de hoje - não será mais reversível.

O que está claro é o seguinte: A catástrofe climática é causada pela ação humana. Noventa e oito por cento (98%) dos cientistas que se ocupam desse tema estão de acordo quanto a esse ponto. Em virtude de o sistema climático ser altamente completo, cientistas encontram sempre novas relações, interpretam dados diferentemente e revogam prognósticos. Isto, na ciência, é completamente normal. As conclusões dos climatologistas, contudo, vão se tornando cada vez mais alarmantes.

A solução: Floresta tropical e proteção do clima

 

Para a proteção do clima, as florestas tropicais precisam ser conservadas, porque a continuação de sua destruição iria piorar a catástrofe, haja vista que elas são irrenunciáveis em virtude de sua capacidade de armazenar carbono. Proteção do clima, com isso, é proteção da floresta tropical. E vice-versa.

  • Precisamos conservar as florestas tropicais e remediar os danos já causados. Florestas são muito mais do que armazenadoras e redutoras de carbono, na medida em que são ecossistemas multifacetados e habitat de milhões de pessoas.
  • Precisamos proteger o clima - e, ao mesmo tempo, conservar a biodiversidade. A catástrofe climática e a extinção de espécies são duas crises existenciais, as quais temos de combater harmonicamente.
  • Precisamos fortalecer os direitos dos povos indígenas que vivem em regiões com florestas tropicais. Eles são, frequentemente, os melhores protetores das florestas.
  • Nós precisamos mudar, fundamentalmente, o nosso modo de viver e a nossa economia. Precisamos reduzir o nosso consumo de energia, produtos alimentícios e matérias-primas, em vez de manter o status quo com os chamados “produtos verdes”. Precisamos parar de queimar carvão, petróleo e gás natural.
  • Precisamos consertar a falsa política climática que aí está. Precisamos sair do caminho errado dos biocombustíveis, especialmente quando estes são baseados em óleo de palma, soja ou cana-de-açúcar, bem como parar de queimar árvores em usinas termoelétricas.
  • Vamos dizer não ao “comércio de indulgências” dos programas de compensações de emissões (offset), por meio dos quais, por exemplo, empresas pagam por medidas de proteção ao meio-ambiente, para, em contrapartida, ter permissão para continuar emitindo gases de efeito estufa. Recusamos as tecnologias supostamente intermediárias, que preservariam o clima, como a substituição do carvão pelo gás natural.
  • Depois da pandemia da Covid-19, teremos de reequipar a economia e a sociedade de forma pró-meio-ambiente. Não se pode permitir que haja um “programa conjuntural” com as velhas receitas de sempre.

A Covid nos mostrou que somos capazes de produzir mudanças rápidas e profundas, quando se trata de uma crise existencial.

Notícias e Atualidades

Inscreva-se aqui agora para receber a nossa newsletter.

Continue informado e alerta para proteger a floresta tropical, continuando a receber a nossa newsletter!