Soltos, mas ainda não absolvidos!

3 mulheres e 3 homens da Mother Nature sorriem logo após sua soltura Motivo da alegria: A primeira foto depois da soltura (© Mother Nature Cambodia)

20 de dez. de 2021

Em meados de novembro, os 6 ativistas do Grupo Mother Nature Cambodia foram autorizados a sair da prisão na capital do país, Phnom Penh, desde que cumpridas as condições estabelecidas para a soltura. No entanto, a ação penal continua ativa, e eles continuam ameaçados a sofrer 10 anos de prisão. Por isso, nós continuamos a pedir assinaturas para a nossa petição ao premiê, Hun Sen.

Durante os 14 meses em que estiveram presos, os ambientalistas Thun Ratha, Phuon Keoraksmey e Long Kunthea  tiveram de suportar, nas piores condições, celas superlotadas; já Sun Ratha, Yim Leanghy und Ly Chandaravuth ficaram presos por 5 meses.

Eis o “crime” do qual eles estão sendo acusados: engajar-se, pacificamente, pela proteção da natureza, bem como tornar desmandos públicos.

Embora eles tenham sido soltos - absolvidos, os ambientalistas ainda não foram. As ações penais instauradas em decorrência de suposta conspiração, crime de lesa-majestade e incitação ao crime continuam existindo. Por isso, ainda é possível que eles sejam condenados a uma pena de prisão de até dez anos. Além disso, eles tiveram de pagar uma caução para serem soltos, continuam sob estreita vigilância, e não estão autorizados a fazer dívidas, tampouco a sair do país.

Juntamente com os 6 ativistas da Mother Nature, foram colocados em liberdade 20 outros presos. Também esses últimos engajam-se na luta pelos direitos humanos e pela proteção do meio ambiente.

Pressão internacional e 80 mil assinaturas

Dentro e fora do Camboja, acredita-se que a pressão internacional junto ao governo cambojano tenha contribuido com a soltura. Também contribuiram para esse sucesso as 80 mil assinaturas da petição de “Salve a Floresta”. “Eu acho que essa petição exerceu um papel importante nisso”, diz Alejandro Gonzalez-Davidson, co-fundador da Mother Nature Camboja.“ E decerto foi também uma tentativa das autoridades cambojanas de melhorar sua imagem internacional, antes da realização de reuniões de cúpula internacional, como o Ásia-Europa Meeting (ASEM), no fim de novembro, bem como o da Associação das Nações do Sudeste da Ásia (ASEAN), que vai ocorrer em 2022.“

Também Alejandro foi processado por crime de lesa-majestade (difamação), no entanto, à revelia. Em 2015, ele já tinha sido expulso do Camboja.

“A prisão e a instauração de ações penais contra membros do grupo ambientalista Mother Nature têm por objetivo dar fim ao trabalho deles de documentar a sistemática destruição do meio-ambiente. Isso porque esse trabalho torna públicas as violações aos direitos humanos e, possivelmente, corrupção. A partir do momento em que uma pessoa, ou um grupo, no Camboja, engaja-se de maneira efetiva pelo meio-ambiente e pelos direitos humanos, bem como expressa sua opinião em voz alta, seu trabalho passa a ser impedido.”

A omissão silenciosa não é uma opção

Mesmo depois de terem suportado a longa e indigna prisão, os ativistas não se deixam intimidar. “Vou continuar a me engajar socialmente, bem como a fazer o que eu amo, disse Long Kunthea , logo após a sua soltura.

E também o seu jovem colega, Ly Chandravuth, acredita ser importante - considerando o atual clima político no Camboja - que as pessoas continuem a lutar por seus direitos, embora o direito de reunião e de opinião continue sendo cada vez mais rigidamente restrito.  “Se mais gente fizesse como nós, engajando-se em campanhas como essas, as autoridades não iriam reprimi-los tão rigorosamente. Isso porque, se as pessoas acordarem em conjunto, o governo vai repensar as suas atividades”, disse Ly Chandravuth em uma entrevista à plataforma ambiental Mongabay. “Mas, sempre que as pessoas silenciam, elas continuam a sofrer abusos do governo... O silêncio não é uma opção, nós temos de levantar a nossa voz. Só assim nós teremos um futuro.”

As reivindicações da nossa petição ao governo cambojano, até agora, não foram cumpridas. Isso porque essa soltura é apenas provisória e vinculada a condições injustas. Por favor, ajude-nos com sua assinatura, caso ainda não o tenha feito.

Fontes e mais informações (todas em inglês):

https://www.licadho-cambodia.org/flashnews.php?perm=302

https://www.dw.com/en/cambodia-targets-mother-nature-group-in-latest-crackdown-on-dissent/a-59843664

https://news.mongabay.com/2021/11/newly-released-cambodian-activists-honored-among-front-line-defenders-awardees/

https://asia.nikkei.com/Politics/Unbowed-by-prison-young-Cambodian-activists-vow-to-fight-on

https://cambodianess.com/article/they-breathe-hope-mother-nature-on-prison-freedom-and-the-future

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